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Memória e Ditadura na UnB

exposição virtual

O projeto de extensão “Memoria e Ditadura Militar nas Escolas Públicas DF” da Universidade de Brasília surgiu em 2016. Em meio a um cenário saudosista em relação à ditadura militar (1964 a 1985), esse cenário se baseava num contexto no qual uma onda de pessoas passaram a clamar a volta da Ditadura, por a relacionarem a um período de prosperidade.

A partir dessa idealização, o projeto tomou vida e diversas escolas passaram a ser visitadas pelos integrantes, até que, som a pandemia de covid-19 (2020-2021), houve a necessidade do projeto se reinventar. Com isso, as atividades do projeto passaram a ser focadas em conteúdos como lives e textos escritos pelos membros acerca da ditadura militar.

No ano de 2023, foram retomadas as visitas à sala de aula e realizadas algumas atividades de intervenção artística, com criação de cartazes relacionados à ditadura militar e finalização e colagem com técnicas de “lambe-lambe”. As frases escolhidas para estampar os lambes foram definidas ou/e criadas por participantes do projeto durante discussão em grupo. Já as imagens selecionadas evidenciam aqueles considerados ícones da ditadura, como ex-presidentes e torturadores, como Brilhante Ustra. Além disso, houve seleção  de imagens históricas da Universidade de Brasília durante o período.

A ditadura militar brasileira representou para os povos indígenas o recrudescimento das graves violações já existentes. Nos últimos 523 anos, o que se estabeleceu foi um genocídio permanente e seguidas violações contra os povos originários. 

Tendo isso em vista, o projeto atuou na intenção de romper com esse processo de apagamento do genocídio cometido contra os povos indígenas durante a ditadura. As intervenções urbanas realizadas na UnB e na rodoviária tinham por objetivo denunciar o que realmente representou o golpe civil-militar e os 21 anos de ditadura. 

 Ao denunciarmos os crimes cometidos pelo exército brasileiro contra os povos indígenas, temos a possibilidade de avançar com o debate e traçar paralelos com o momento em que vivemos, uma vez que, mesmo com o fim da ditadura, o genocídio contra os povos indígenas não teve fim.

AS INTERVENÇÕES

 

Durante uma semana, diversos lambes foram colados em diferentes locais da UnB. No ICC Sul e Norte, foram colocadas imagens da universidade na época da ditadura militar, assim como frases que ressaltam o dia do golpe, o número de mortes indígenas no período e slogans contra a anistia. 

Na Faculdade de Direito, as folhas A4 compuseram uma grande colagem em mosaico das fotos dos presidentes que estavam no no poder durante a ditadura militar, junto à legenda “assassinos”. 

 Já na Faculdade de Tecnologia, que abriga a estátua do busto de Ernesto Geisel, um lambe com sua foto e a legenda “assassino” também foi colado na parte frontal da mesma.

Outra intervenção artística foi a releitura da obra “trouxas ensanguentadas” do artista plástico Artur Barrio, onde diversas trouxas confeccionadas com panos e tintas vermelhas foram espalhadas por pontos movimentados da universidade e da cidade, como a Rodoviária do plano piloto. Cada trouxa representava um dos três estudantes da UnB mortos ou desaparecidos no período da ditadura militar Brasileira: Honestino Guimarães, Ieda Santos Delgado e Tarso Celestino da Silva.

Os três estudantes

Honestino Guimarães

Foi um importante líder estudantil no período da ditadura, desaparecido político em 10 de outubro de 1973, após ser preso pela sexta vez, no Rio de Janeiro. Iniciou sua militância no movimento secundarista e filiou-se à Ação Popular (AP). Aluno da Universidade de Brasília (UnB), Honestino foi eleito para o Diretório Acadêmico de Geologia e, em 1967, mesmo estando preso, foi eleito presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (Feub).

Ieda Santos Delgado

Ieda Santos Delgado desapareceu no dia 11 de abril de 1974. Neste dia, Ieda viajou do Rio de Janeiro para São Paulo para cumprir tarefas da ALN. Em depoimento à CNV em 23 de julho de 2014, o ex-delegado Cláudio Guerra declarou que Ieda Santos Delgado teria sido morta pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.

 

Tarso Celestino da Silva

Paulo de Tarso Celestino da Silva desapareceu em 12 de julho de 1971. Membro da ALN, foi capturado, juntamente com Heleny Ferreira Telles Guariba, no Rio de Janeiro por agentes do DOI-CODI do I Exército.

Uma referência

A obra “Trouxas Ensanguentadas” do artista plástico luso-brasileiro se tornou um símbolo da mostra Do Corpo à Terra. Eram trouxas de pano, preenchidas com material orgânico e dejetos, cortadas a golpes de faca. O artista inseriu ainda um pedaço de carne de onde saía sangue, dando a impressão de que se tratavam de corpos ensanguentados. A intervenção, que chocou o público, aconteceu em terrenos baldios do Rio de Janeiro e no principal rio que corta Belo Horizonte, o Ribeirão das Arrudas. A polícia era constantemente chamada. O objetivo de Barrio era denunciar o “desovamento” de corpos de pessoas assassinadas pelo esquadrão da morte, em muitos casos a serviço do regime. O artista observava de longe a reação do público.

Fonte: Memórias da Ditadura

O que procuro é o contato com a realidade em sua totalidade, do tudo que é renegado, do tudo que é posto de lado, mais pelo seu caráter contestador; contestação essa que encerra uma realidade radical, pois que essa realidade existe, apesar de dissimulada através de símbolos.

Artur Barrio, 2008

Galeria

Na mídia

Por uma Comissão Nacional Indígena da Verdade

A Comissão Nacional da Verdade (CNV), após seus dois anos de pesquisa e com base em outros relatórios estaduais tendo o recorte de 1946 a 1988, chegou ao número de 8.350 indígenas mortos no período. A CNV analisou com mais profundidade apenas 10 povos, o que resultou no número citado. A Comissão reconheceu a necessidade de avançar com as pesquisas, já que não foi possível esgotar as análises sobre os diversos crimes cometidos pelo Exército brasileiro.

Dessa maneira, urge a necessidade da instauração de uma Comissão Nacional Indígena da Verdade, sendo uma das 13 recomendações da CNV: “Instalação de uma Comissão Nacional Indígena da Verdade, exclusiva para o estudo das graves violações de direitos humanos contra os povos indígenas, visando aprofundar os casos não detalhados no presente estudo.”

Na fotografia, Marcelo Zelic (1963-2023), coordenador do Armazém Memória, aponta para a intervenção que diz:

“A ditadura militar matou mais de 8.350 indígenas”.

ESPECIAIS

Armazém Memória

acervo

Memória Interétnica: Centro de Referência VIrtual Indígena

exposição

Memória Interétnica: Centro de Referência VIrtual Indígena

retratos da violência

Memória Interétnica: Centro de Referência VIrtual Indígena

conflitos territoriais

Memória Interétnica: Centro de Referência VIrtual Indígena

conflitos territoriais

Memória Interétnica: Centro de Referência VIrtual Indígena

exposição

UNI - União das Nações Indígenas

mostra de cinema

Memória Interétnica: Centro de Referência VIrtual Indígena

retratos da violência

Exposição: Respeito ou Repetição?

acervo

Exposição: Respeito ou Repetição?

acervo

conflitos territoriais

Memória Interétnica: Centro de Referência VIrtual Indígena

retratos da violência

Mostra: O Índio Imaginado (1992)

mostra de cinema

Exposição: Respeito ou Repetição?

acervo

Memória Interétnica: Centro de Referência VIrtual Indígena

acervo

Mostra: O Índio Imaginado (1992)

mostra de cinema

conflitos territoriais

UNI - União das Nações Indígenas

exposição

Genocídio Indígena: Violência Continuada

retratos da violência

Exposição: Respeito ou Repetição?

exposição

Memória Interétnica: Centro de Referência VIrtual Indígena

acervo

Projeto Memória e Ditadura
Coordenador:
Prof. Dr. Mateus Gamba Torres
Coordenador Adjunto: Nathanael Martins Pereira
Alunos participantes do projeto: Patrick Nunes Pereira, Cláudio Márcio Águeda Pinto, João Otávio da Cunha Alves, Lara Maia de Paula Pinto, Vitória Campos Araújo, Carolina Alves Peixoto, Isabella Alves Rodrigues, Anna Clara Bispo dos Santos, Leticia Guimarães Miranda

Edição e diagramação: Helena Zelic