GENOCÍDIO INDÍGENA
Violência Continuada
O Centro de Referência Virtual Indígena apresenta uma série de páginas especiais contendo retratos da violência sofrida e da resistência dos povos indígenas, que reúne em uma linha do tempo documentos destacados do Armazém Memória, compondo esses registros com mostra de filmes, exposição, artigo e sugestões de leitura, abrindo uma janela para se olhar a história, através da relação entre o acervo reunido e o tema proposto. Visitar a história recente nos ajuda a compreender o presente em que vivemos, bem como a justeza da luta dos povos indígenas do Brasil, por demarcação de suas terras e respeito a seus direitos constitucionais e cultura, como também a necessidade histórica de reparação às violências sofridas pelos povos indígenas a cada ciclo de desenvolvimento empreendido pela sociedade brasileira, o estado nacional e seus governos de turno.
APRESENTAÇÃO
O especial Genocídio Indígena: violência continuada traz registros que reunidos demonstram a constância das graves violações de direitos humanos sofridas pelos povos indígenas no Brasil. A documentação aponta para uma prática permanente de um modelo de desenvolvimento, sem respeito à Constituição, (que reconheceu o caráter multiétnico existente no país) agredindo a diversidade étnica e cultural, bem como o território indígena e sua função social, bem como o meio ambiente, se valendo da mesma lógica das guerras de conquistas iniciadas na invasão portuguesa de 1500.
A relação dos povos indígenas com a sociedade brasileira e o Estado, em todas suas esferas, é marcada pela imposição de legislação e uso da força para retirada de direitos e esbulho das terras, promovendo atentados, assassinatos, chacinas, massacres, mortandade por doenças, promovidas por omissões no combate às epidemias e mais recente à pandemia do COVID e muitas vezes inoculada de forma criminosa, porque proposital, gerando dor, penúria, desassossego e sofrimento junto às comunidades indígenas por todo o país, tendo por objetivo a apropriação de seus territórios por setores economicos que controlam e executam esse modelo de desenvolvimento em sociedade, excludente, voltado para o acúmulo financeiro e de bens, onde, em relação aos povos indígenas, pretende a integração ao sistema de castas resultante do esforço de construir um país moldado a seus interesses, peconceitos e desejos.
Percorrendo o período dos anos 1940 a 2021 percebemos que a ação de genocídio, diferente do senso comum, que o identifica somente em violências e ataques de grandes proporções e alto número de vítimas, ocorrido em um curto período de tempo, o genocídio praticado contra os povos indígenas no Brasil, tem um caráter diferente; é permanente, estrutural e cíclico, com distensões e intensificações do uso de violência, mas presente década após década, somente variando de intensidade conforme os tipos de governo. Genocídio continuado porque ao longo deste período os objetivos desenvolvimentistas se fazem os mesmos, com praticas que colidem com os tratados internacionais e os direitos constitucionais garantidos aos povos indígenas. Tais praticas estão presentes na Marcha para o Oeste emprendida pelo ditadura Vargas (1937-1945), como também na política de integração da ditadura militar (1964-1985) retomada de forma explícita após o golpe de 2016 e a ascensão de Bolsonaro ao poder em 2019, prevalecendo como uma guerra de baixa intensidade em todos os períodos entre os ciclos de golpes e ditaduras vividos no Brasil.
O especial traz também a exposição “Respeito ou Repetição? A história que não se quer reviver” organizada pela 6ª Câmara do Ministério Público Federal durante a gestão do Subprocurador-Geral Antonio Carlos Bigonha, que retrata a violência apurada pelo Estado brasileiro através do Relatório Figueiredo (1967-1968) e da Comissão Nacional da Verdade (2012-2014), apontando a necessidade de repação, mudança de conduta frente as políticas indigenistas e criação de mecanismos de não-repetição. Traz também artigo do coordenador do Armazém Memória e curador da exposição, a mostra de filmes “Ditadura e Povos Indígenas” e sugestão de leituras para o aprofundamento do tema proposto neste especial.
Demarcar e respeitar, é reparar.
Marcelo Zelic
Coordenador do Armazém Memória e membro da Comissão Justiça e Paz de São Paulo.
LINHA DO TEMPO
EXPOSIÇÃO
LIVRO E ARTIGO
Os povos indígenas lutam hoje, em várias frentes, pelo direito de existir: no enfrentamento direto contra os invasores de suas terras, pela via judicial, pela mobilização nacional e internacional e, no caso desse livro, lutam, demarcando a escrita, contra o apagamento de sua memória e história.
Genocídio Indígena e Políticas Integracionistas: Demarcando a Escrita no Campo da Memória
Artigo publicado por Marcelo Zelic no relatório 2020 do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) sobre a violência contra os povos indígenas no Brasil, com “uma análise sobre a utilização, feita pelo atual governo, de conceitos já superados para restringir os direitos indígenas”.
Relatório – Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil
MOSTRA
Ditadura e Povos Indígenas
Esta mostra virtual de filmes organizada pelo Armazém Memória em 2013, reúne 15 filmes sobre graves violações de direitos humanos sofridas pelos povos indígenas do Brasil durante a ditadura de 1964-1985. Conforme apurou a Comissão Nacional da Verdade foram eles um dos segmentos mais atingidos pelo arbítrio, identificando em somente 10 povos de 305 existentes, mais de 8300 indígenas entre mortos e desaparecidos. A mostra traz fragmentos de uma violência que apesar das denúncias, continuam como um tabu e prática em nossa sociedade.
O Centro de Referência Virtual Indígena, tem por meta contribuir para a construção de mecanismos de não-repetição da violência registrada contra os povos indígenas no Capítulo Indígena do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade, publicado em 10 de dezembro de 2014, bem como estimular o cumprimento de suas recomendações.
Desde esta data, dia em que se comemora a Declaração Universal dos Direitos Humanos, não-repetição, verdade, justiça e reparação, base da justiça transicional, são oficialmente devidos pelos poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário) aos povos indígenas que existem no Brasil.
Convide seus parentes, amigos e amigas a assistirem esta mostra e contribua para a justiça de transição compartilhando o especial Genocídio Indígena em suas redes.
[embedyt] https://www.youtube.com/playlist?list=PLzyVojcJuBpRxY_5oyax2eggwov6oTlmA&layout=gallery[/embedyt]
ESPECIAIS
Um resgate coletivo da história. Catálogo.
PELA CRIAÇÃO DA COMISSÃO DA VERDADE INDÍGENA
com rede solidária de pesquisa e trabalho colaborativo
Breve inventário de documentos com citações sobre massacres de povos indígenas no Armazém Memória.
Esta lista não esgota as ocorrências sobre massacres de indígenas nos documentos disponíveis no Armazém Memória. Ela reúne a documentação em ordem cronológica a medida em que as pesquisas em curso localizam um documento ou citação e portanto está em constante atualização.
Século XVI
Século XX
1900 – Massacre do Tapuru – Relato do Ancião Myky – Xinuí
1913 – Massacre dos Índios Kenkateye (extintos)
13/10/1940 – Massacre dos Índios Kraôs
1943 – Massacre de aldeia Avá-Guarani para criação do Parque Nacional do Iguaçu
1945 – Massacre aos índios Boca-negra
1956 -Massacre de índios Gaviões
1963 – Massacre no Igarapé Água Branca – povo Uru-Eu-Wau-Wau
1964 – Massacre do rio Pauini – povo Jamamadis
02/03/1966 – Informe de massacres de índios na região entre Rio Xingu e Tapajós
1967 – Relatório Figeiredo – Comissão de Investigação do Ministério do Interior
28/03/1988 – Massacre Igarapé Capacete – povo Tikuna
1993 – massacre de Haximu – Yanomami (tem sentença de Genocídio (Localizar) – Jurispruência
Realização
Este trabalho é parte do contrato firmado pelo Instituto de Políticas Relacionais (IPR), com embaixada da Noruega e coordenação executiva do Armazém Memória, para o desenvolvimento do projeto “Ampliação do Centro de Referência Virtual Indígena”.
Rede de Conteúdo
Instituições que compartilham conteúdos neste Centro de Referência.
REDE DE CONTEÚDO
ACESSE OS SITES DAS INSTITUIÇÕES LIGADAS À REDE DE CONTEÚDO
As instituiçoes abaixo listadas contribuiram com parte de seus acervos na construção e disponibilização dos conteúdos acessíveis nos diversos centros de referência em desenvolvimento no Armazém Memória desde os inícios do trabalho em 2001.
Arquivo da Prelazia de São Félix do Araguaia
Arquivo Nacional - Memórias Reveladas
Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA)
Associação Nacional de Ação Indigenista (ANAÍ)
Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES)
Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Interlagos (CEDECA Inter)
Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Fortaleza (CDPDH)
Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados (CEDI)
Centro de Documentação e Informação Científica (CEDIC-PUC)
Centro de Documentação e Memória da UNESP (CEDEM)
Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro (CPV)
Centro de Trabalho Indigenista (CTI)
Comissão Justiça e Paz de São Paulo (CJP-SP)
Comissão Nacional da Verdade (CNV)
Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
Faculdade de Saúde Pública - USP
Faculdade Intercultural Indígena (FAIND-UFGD)
Fundação Biblioteca Nacional (BN)
Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)
Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNM-RJ)
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB)
Instituto Socioambiental (ISA)
Ministério Público Federal - Justiça de Transição
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Equipe
Instituto de Políticas Relacionais
Daniela Greeb
Vanessa
Silvana
Ruth Negrini
Carla Lopes
Armazém Memória
Marcelo Zelic
Julio Zelic
Observatório dos Direitos e Políticas Indigenistas (UnB)
Elaine Moreira
Ana Catarina Zema
Guilherme Pinheiro Alves
Museu da Pessoa
Rosana Miziara
Renato Herzog
Sônia London
Jonas Worcman
Idjahure Kadiweu
Coletivo Indígena de Pesquisa
Braulina Aurora
Povo Baniwa
Debora Barros dos Santos
Povo Tupinikim
Iury da Costa Felipe
Povo Magutta – Tikuna
Juliana dos Santos Santana
Povo Tupinambá
João Paulo Hakuwi Kuady Karajá
Povo Karajá (Iny Mahadu)
Suliete Gervásio Monteiro
Povo Baré
Parceiros
O projeto de ampliação do Centro de Referência Virtual Indígena do Armazém Memória conta também com a participação de instituições e entidades, através de termos de cooperação firmados para as três áreas de atuação dos trabalhos.
Desenvolvido por Armazém Memória em WordPress. Contato: marcelozelic@gmail.com