XETÁ
TERRITÓRIO E RESISTÊNCIA
Mapa da ocupação Xetá de 1957 anexo ao processo de demarcação.
Clique no mapa e visite a mapoteca.
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O Centro de Referência Virtual Indígena apresenta a série especial Território e Resistência, que retrata, em uma página especial, a história de luta dos povos indígenas em defesa das terras tradicionais em que vivem. Reúne em uma linha do tempo documentos destacados do Armazém Memória e outras fontes, abrindo uma janela para se olhar um conflito histórico e permanente entre nossa sociedade e os povos indígenas, percorrendo distintos momentos de nossa história. Nos ajuda a compreender o presente em que vivemos, entender os mecanismos seculares de opressão e desrespeito vivido pelo povo Xetá do Paraná, retratado neste especial, bem como a justeza da luta por demarcação de suas terras e respeito a seus direitos constitucionais. Desenvolvimento sem violência é uma reparação devida. Uma dívida histórica, e atual, pelas brutalidades sofridas pelos povos indígenas a cada ciclo de desenvolvimento empreendido pela sociedade brasileira, o estado nacional e seus governos ou regimes de turno. Marco temporal é esquecimento e promotor de violência. Demarcar é reparar! Que cesse a violência do Estado contra os povos indígenas e que estes possam viver suas culturas e existências em tranquilidade, vida plena e respeito à `diversidade e aos direitos indígenas. Ocupar a história, recontar o Brasil, promover os direitos humanos e a efetivação da justiça de transição aos povos indígenas, é o que buscamos.
APRESENTAÇÃO
Os Xetá de Serra dos Dourados foram o último grupo indígena contatado no sul do Brasil, na segunda metade do século XX, habitando os vales dos rios Paraná e Ivaí, no noroeste paranaense, viviam da caça e coleta de animais e frutos selvagens, produzindo utensílios e artefatos de madeira, pedra, cerume de abelha e ossos, dentes e penas de animais, e praticando cantos rituais, como o canto do vôo do urubu, e cerimoniais com bebidas de frutas fermentadas.
Com o avanço da frente agrícola cafeeira, o grupo foi atacado e o território indígena foi invadido e reocupado por colonizadores beneficiados em atos fraudulentos dos governos estadual e federal, que lotearam e venderam suas terras, ao mesmo tempo em que providenciaram a remoção forçada dos sobreviventes para terras dos povos Guarani e Kaingang. Além disso, foram praticados desaparecimentos, em caminhões com destino desconhecido, e “distribuição” de suas crianças entre colonos rurais e urbanos. Este processo, embora amplamente documentado e denunciado às autoridades públicas, é eivado de más intenções e omissão privada e governamental, que à época resultou em depopulação, desterro e dispersão, com graves danos à vida e à cultura do povo Xetá, marcando um dos marcantes genocídios do Brasil republicano, e agora se expressam na ausência de reconhecimento e reparação, sequer o cumprimento das obrigações governamentais para a o seu mínimo existencial, relevando-se o Estado um renitente violador de seus direitos humanos.
Até à década de 1990, os sobreviventes Xetá desconheciam a existência e localização de outros parentes vivos, permanecendo separados em diversas localidades por mais de 40 anos. Com o reencontro, os Xetá partilharam suas memórias, afetos e iniciaram um movimento de luta por justiça e reparação pelo genocídio, pela demarcação da Terra Indígena Herarekã Xetá, pela valorização da cultura e língua nativas, alimentando o sonho legado por seus líderes de poderem retornar e conviver no território tradicional. Atualmente, os núcleos Xetá encontram-se em TI São Jerônimo (PR), TI Marrecas (PR), TI Rio d’Areia (PR), Aldeia Urbana Kakané Porã (Curitiba – PR), TI Xapecó (SC), e nos centros urbanos de Umuarama (PR) e Douradina (PR).
Edilene Coffaci de Lima (antropóloga e professora / UFPR) e Rafael Pacheco (antropólogo, pesquisador)
TV UEM – MARINGÁ – PR
O GUARDIÃO DA LÍNGUA DO POVO XETÁ
Ver no Museu da Pessoa a história de: Claudemir da Silva Xetá – 07/12/2022. (2ª fase de depoimentos)
“Situações de igual gravidade eram comuns em todo o país. Em Itabuna, no sul da Bahia, o Relatório Figueiredo, citado pela CNV, reconheceu a ocorrência de genocídio entre as décadas de 1950 e 1960, mas as denúncias de inoculação de varíola na reserva Caramuru-Paraguaçu dos Pataxó-Hãhãhãe nunca foram apuradas (BRASIL, 2014b, p. 220). No estado do Paraná, na região do povo Xetá (Serra dos Dourados), as décadas de 1950 e 1960 foram marcadas por inúmeros sequestros de crianças Xetá por agricultores, funcionários de empresas colonizadoras e agentes do Estado que trabalhavam para o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), antecessor da Funai (BRASIL, 2014b, p. 223-225). A separação física, a perda da língua e o processo de desestruturação cultural levaram à desintegração do povo Xetá, situação que foi agravada por ataques armados, torturas e desaparecimentos forçados”.
O ESTADO BRASILEIRO TEM O DEVER DE REPARAR.
LINHA DO TEMPO
Coordenação: Rafael Pacheco Marinho
“Reunidos, nós os remanescentes dos Povos Xetá, estamos reunidos para tratar assuntos de nosso interesse.
Nós os Xetá queremos ser reconhecidos para que possamos ser ouvidos no nossos pedidos a que viemos pedir.
– Assunto:
Indenização de Terras com casas para moradia, sendo opinião de todos nós aqui presentes nesta reunião.
Para ser verdade vai assinado com o nome de todos presentes aqui, os Xetás e descendentes”.
DEMARCAR É REPARAR
JUSTIÇA AO POVO XETÁ
Remanescentes Xetá, 30/08/1997 (foto: Márcia Rosato)
PROCESSO DE DEMARCAÇÃO
SEI_08620.003478_1999_10 – TI Herarekã Xetá
Para acessar documentação completa do processo, clique aqui.
Terra Indígena Herareka Xetá.
data das imagens 06/12/2016
ARTIGO
Para ver o mapa em tamanho grande, clique aqui.
Artigo publicado por Edilene Coffaci de Lima. edição revista de 07/10/2016 apresentada no seminário Cesta Imtespetiva, promovido pelo Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo.
Diáspora Xetá
Esta coletânea de filmes organizada pelo Armazém Memória sobre o povo Xetá reúne filmes, documentários, fragmentos de registros históricos, lives e entrevistas. Tais registros são ferramentas potentes para criar uma contextualização sobre algumas partes da história deste povo. Os vídeos possuem um grande potencial de compartilhamento em redes e alcance para conscientizar a população de um temática tão importante e que ainda mais atualmente, neste período que os povos indígenas sofrem ataques diariamente pelo setor privado em conluio com o Estado.
Ressaltamos a dificuldade de localizar mais produções sobre o povo Xetá, fato que apenas reafirma o apagamento do povo nos meios de comunicação criados e ditados pelos “brancos”. Devemos ter como meta expandir estes conteúdos, e se apoderar de ferramentas essenciais para disseminação de informação ao público amplo.
O Centro de Referência Virtual Indígena tem por meta contribuir para a construção de mecanismos de não-repetição da violência registrada contra os povos indígenas no capítulo Indígena do Realtório Final da Comissão Nacional da Verdade, publicado em 10 de dezembro de 2014, bem como estimular o cumprimento de suas recomendações.
Desde esta data, dia em que se comemora a Declaração Universal dos Direitos Humanos, não-repetição, verdade, justiça e reparação, base da justiça transicional, são oficialmente devidos pelos poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário) aos povos indígenas que existem no Brasil.
Convide seus parentes, amigos e amigas a assistirem esta coletânea e contribua para esclarecer a sociedade em suas redes sobre o povo Xetá e seus direitos territoriais, bem como o dever de reparação do Estado brasileiro frente às graves violações de direitos humanos praticadas contra os Xetá.
“Caros amigos: Pedrinho e Lourival.
Quero pedir a vocês do Conselho Indígena do Paraná e de Guarapuava para tratar da questão de nossas terras, pois estamos discutindo este assunto com várias pessoas sem resultado algum até o momento e cada vez mais achamos que temos direito.
Assim gostariamos que os Conselhos Indígenas e lideranças, nos apoiem na volta às terras de nossos pais.
Confesso à vocês que ainda é meu sonho e interesse de ver o nosso povo vivendo junto ainda em vida, por isso solicito que nos ajudem para que as autoridades competente dêem solução ao meu pedido.
Abraços.”
Para Saber Mais
Indicamos para pesquisa e leitura algumas produções que ajudam a conhecer, compreender e estudar sobre o povo Xokleng. Visite a nossa biblioteca, estão disponíveis para pesquisa artigos, livros, cartilhas, trabalhos de conclusão de curso, teses de doutorado e mestrado.
SUGESTÕES DE LEITURA
Consulte outras publicações na biblioteca
Acervos, Fundos e Coleções
Indicamos para pesquisa e leitura algumas produções que ajudam a conhecer, compreender e estudar sobre o povo Xokleng. Visite a nossa biblioteca, estão disponíveis para pesquisa artigos, livros, cartilhas, trabalhos de conclusão de curso, teses de doutorado e mestrado.
CRONOLOGIA DO POVO XETÁ - TERRITÓRIO E RESISTÊNCIA
Arranjo documental agrupado por décadas.
Pesquisa e organização:
Rafael Pacheco Marinho
1840-1920 - Registros da presença dos Xetá na margem esqueda do Rio Ivaí
“As informações desde 1840 até 1920 mostram os Xetá no vale do rio Ivaí, desde a Colônia Teresa Cristina, no alto Ivaí até abaixo da Corredeira do Ferro no baixo rio Ivaí. Assim, sempre escondidos, esquivos, ariscos, em pequenos grupos internados nos mais recônditos e ignorados abrigos das floresta os Xetá não se aproximaram dos aldeamentos religiosos estabelecidos no Norte da província nem estabeleceram relações com as populações brancas que aos poucos foram ocupando seus territórios no alto Ivaí no século passado. Pelo contrário, quanto mais misteriosos e ocultos, mais temidos eram por essas populações como informa Bigg-Wither sobre o temor que eles causaram aos caboclos que com ele trabalhavam.”
Os Xetá no vale do rio Ivaí 1840 – 1920 (Lúcio Tadeu Mota 2013)
1948-1964 - Reocupação e extermínio em Serra dos Dourados/início da dispersão
1964-1986 - Ditadura, atos de exceção, separação e esquecimento
1986-1997 - Encontros de sobreviventes, rearticulação comunitária e estopim da luta
1999-2023 - Processo demarcatório da TI HErareka Xetá pela Funai
Indígenas Xetá visitam o Museu Paranaense
O Museu Paranaense (MP) recebeu a visita em 18/05/2017 dos irmãos Claudemir e Dival da Silva, membros do povo indígena Xetá. Os visitantes conheceram os registros cinematográficos do cineasta tcheco Vladimir Kozák, que mostram o povo indígena Xetá entre as décadas 1950 e 1960.
Dentre os personagens presentes nas filmagens, os irmãos Silva reconheceram seu tio Kuein e o avô Mã, que aparece confeccionando um chapéu de pele de onça em uma das cenas. Eles também comentaram com a antropóloga do MP, Fernanda Maranhão, os diferentes materiais utilizados para os adornos labiais, conhecido como tembetá. São eles: o osso, a resina vegetal e a madeira; e explicam que cada um deles diferencia os três subgrupos dos Xetás. Além dos filmes, o Museu possui em seu acervo documentos, fotografias, desenhos e pinturas feitos por Kozák em sua visita aos Xetás.
FONTE: Museu Paranaense
ESPECIAIS
Armazém Memória.
PELA CRIAÇÃO DA COMISSÃO NACIONAL INDÍGENA DA VERDADE
com rede solidária de pesquisa e trabalho colaborativo